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na Casa dos Açores de Hilmar

 

Homenagem a João Angelo na Casa dos Açores de Hilmar

 

Texto: Liduíno Borba

No dia 14 de Setembro participei na homenagem a João Ângelo, na Casa dos Açores de Hilmar, Califórnia, pelas 20 horas, organizada pela Direcção desta instituição. O Salão estava cheio de amigos e conhecidos para recordarem os bons momentos que este improvisador e cantador de Velhas tem proporcionado a todos.

Este improvisador começou a cantar em 1952, fazendo assim 60 anos de cantigas ao improviso e Velhas por todas as nossas ilhas açorianas, continente português, Europa, Brasil, Canadá e América.

A primeira vez que João Ângelo se deslocou à Califórnia foi em 1973, há quase 40 anos e cantou nas famosas Festas de Gustine. Foi uma porta que se abriu na diáspora e nunca mais se fechou. Ser convidado para cantar nestas Festas continua a ser sinal de qualidade. Esta viagem de 2012 foi, no dizer do próprio, talvez a última, atendendo aos seus 77 anos de idade e estado de saúde. Ao longo destes anos, fez cerca de trinta viagens à América. De salientar que começou em Gustine, onde se despediu também a cantar.

Esta viagem de João Ângelo começou a ser planeada há cerca de um ano, quando António Nunes tomou posse como presidente das Festas de Nossa Senhora dos Milagres, em Gustine, e, desde logo, manifestou desejo de o ter presente na grande cantoria destas festas.

A cantoria realizou-se no sábado e domingo – dias 8 e 9 – com a presença de 8 cantadores, 4 locais e 4 vindos dos Açores. Os locais foram Manuel dos Santos, Alberto Sousa, Adelino Toledo e José Ribeiro. Dos Açores vieram João Ângelo, José Eliseu, Maria Clara e Bruno Oliveira. No sábado João Ângelo cantou no terceiro desafio com Manuel dos Santos, para além das Velhas, no final, com José Eliseu, José Ribeiro e Bruno Oliveira, e no domingo com Adelino Toledo. Não é muito habitual cantar-se Velhas nesta Festa, mas o bom naipe de cantadores presentes tornou-se quase obrigatório ouvir-se umas Velhinhas.

As Velhas, cantiga de escárnio e mal dizer tem, até agora, três períodos distintos na nossa história: até cerca de 1960, por vezes cantadas por uma só pessoa em coreto, salientado os defeitos físicos e mal trajar da Velha, e por vezes sem rima completa da décima; de 1960 a cerca de 2000 em que o grande “inventor” da Velha refinada com humor muito picante e de segunda intenção é sem sombra de dúvida esse grande Mestre João Ângelo, com a participação de António Plácido e António Mota; na última década apareceu José Eliseu a cantá-las, com muita classe ao lado Mestre, e introduziram uma nova forma, ou seja uma desgarrada em décima, juntando-se a eles, com mais destaque, Bruno Oliveira, da ilha de São Jorge.

A homenagem na Casa dos Açores de Hilmar decorreu de forma muito amistosa, tendo sido aberto o serão por Vital Marcelino, como membro daquela associação, que me deu a palavra onde falei cerca de meia hora sobre a vida do Mestre das Cantorias.

De seguida falou Osvaldo Palhinha que há anos se dedica à comunicação na Califórnia, deixou um excelente testemunho sobre cantorias que assistiu nos anos 60, na ilha Terceira, com a participação de João Ângelo.

Seguiu-se uma pequena cantoria em “fiada” com José Ribeiro, António Azevedo, Liduíno Borba, Adelino Toledo, Vital Marcelino e João Ângelo, onde foram feitas quadras de referência ao homenageado.

Seguiram-se umas Velhas com José Ribeiro, António Azevedo, Liduíno Borba e João Ângelo que mais uma vez deliciou a assistência.

Vital Marcelino entregou uma placa, relacionada com a homenagem, a João Ângelo, tendo-se seguido um divertido convívio entre os presentes.

 

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